teu celular te espiona – O que sabemos sobre a espionagem com Pegasus

Por INÉS BINDER

Uma coalizão internacional de mídia e organizações sociais publicou o Projeto Pegasus, uma investigação impulsionada pelo vazamento da lista de 50 mil números de telefone que foram alvejados pelo malware Pegasus. Figuras políticas, jornalistas, ativistas e perseguidos foram espionados e suas comunicações comprometidas. A investigação conseguiu identificar pelo menos 1.000 dos afetados: "85 ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas etc".

Pegasus é um programa espião desenvolvido pela empresa israelense NSO Group que tira proveito de vulnerabilidades em sistemas operacionais e usa telefones celulares ou usa técnicas de phishing para se instalar em telefones celulares e acessar não apenas todas as mensagens, contatos e posições de GPS, mas tem a capacidade de ativar a câmera, microfone e gravar conversas telefônicas.

O fato de estados e empresas usarem software malicioso para espionar não é novidade. Em 2015, documentos da empresa de software de vigilância Hacking Team vazaram revelando como os governos do Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, México e Panamá compraram tecnologia para espionar seus cidadãos. Em outras palavras, é uma prática muito mais difundida do que pensamos. A novidade, neste caso, é que os objetivos foram revelados: ativistas e organizações pertencentes a movimentos de defesa dos direitos humanos, da terra, dos direitos sexuais e reprodutivos, ambientalistas, camponeses e indígenas, claramente alvo da criminalização por parte de empresas e governos. Como o Projeto Pegasus deixou claro, além da vigilância em massa, a vigilância direcionada por meio de telefones celulares é uma realidade.

As revelações do Projeto Pegasus esmagam o mantra "Não tenho nada a esconder". É verdade que se trata de uma violação flagrante dos direitos humanos e que as pessoas e instituições responsáveis têm de enfrentar as consequências. A resposta à vigilância massiva e direcionada e às violações de privacidade exige uma resposta coletiva: a garantia dos direitos humanos, o desenvolvimento de regulamentos específicos, protocolos de privacidade desde a concepção, julgamento de violações, acordos internacionais, treinamento em segurança digital e privacidade, etc. Enquanto isso, podemos incorporar cuidado digital para fortalecer a segurança e proteger a privacidade.

O que sabemos sobre a espionagem com Pegasus e como isso nos afeta? Ativistas e jornalistas foram sistematicamente espionados por meio de seus celulares.